Ditadura militar: as marcas da repressão em Porto Alegre
Calabouço do Rato Branco
Construído no século XIX, a casa pertenceu a Manoel Marques de Souza, o conde de Porto Alegre.

Quem passa pelo grande sobrado na Rua General Canabarro não imagina sua história. Nascido em família rica e de tradição militar, Manoel Marques de Souza foi um importante personagem político na história do estado.
A majestosa construção que hoje abriga o Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Rio Grande do Sul já foi uma delegacia oculta do DOPS.


Durante a ditadura, o casarão foi utilizado para detenções temporárias, além de torturas físicas e psicológicas. Era conhecido como o Calabouço do Rato Branco, porque os agentes militares utilizavam capacetes brancos.
Além da sede do IAB, a casa também conta com o Espaço Cerco Cultural, local em que o Grupo Cerco, de teatro, realiza eventos, cursos, ensaios e apresentações.


Martina Frölich, integrante do Grupo Cerco, diz que o grupo chegou ao prédio com o objetivo de ressignificar o espaço: "Queríamos ocupar este espaço de uma forma criativa, de uma forma que reverta esse histórico tão ruim. A gente veio com o objetivo de trazer luz."
Para Maria Lúcia Bandejo, jornalista e idealizadora do Walking Tour Contra a Ditadura, é essencial que possamos enxergar que violações aconteceram e deixaram marcas. "Se a gente for derrubar tudo que vai contra o que a gente acha que é certo, daqui a pouco vai parecer que aquilo nunca existiu. O que nós precisamos é justamente mostrar e ressignificar essas marcas materiais".
Imagens: Grégorie Garighan, Luísa Teixeira, Sophia Maia e Valentina Bressan
